28 de Junho de 2022


Regulação do mercado de créditos de carbono é oportunidade para empresas sustentáveis

Desde o Protocolo de Kyoto, em 1997, o mundo busca alternativas para comercializar créditos de carbono de maneira segura e confiável. Agora, o Brasil dá mais um passo importante para a regulação do seu próprio mercado, ainda que de maneira inicial, objetivando compatibilizar os Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas aos princípios, diretrizes e instrumentos da Política Nacional sobre Mudanças do Clima.

decreto 11.075/2022 do governo federal, publicado dia 20 de maio, e que regulamenta a Lei 12.187/2000, também institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa-Sinare e pode ajudar a precificar os gases do efeito estufa no país. O documento representa um marco para empresas interessadas na economia circular e seus desdobramentos.

“Esse é um mercado que traz grandes oportunidades, e a regulação é uma conquista relevante para viabilizar a transição econômica de que a sociedade tanto necessita, com a redução das emissões de carbono”, avalia o advogado Alexandre Vidigal, do CBS Advogados. “A ideia do estabelecimento de metas, cronogramas, da padronização certificadora, da compensação e incentivo pode, sim, alavancar índices de substituição e redução de carbono.”

E qual o potencial desse mercado? De acordo com levantamento do Ecosystem Marketplace, criado pela organização sem fins lucrativos Forest Trends, nos primeiros oito meses de 2021 houve crescimento da comercialização de créditos de carbono de 60%, com o registro de US$ 748,2 milhões em vendas de 239,3 milhões de créditos. Cada crédito representa uma tonelada de dióxido de carbono que se deixou de emitir.

O aumento no preço do crédito de carbono também mostra o potencial desse mercado: uma tonelada de carbono equivalente custava US$ 3 em 2020, e hoje chega a US$ 10. As trocas podem ser realizadas entre empresas de um mesmo país ou de diferentes regiões; diretamente entre empresas e consumidores, ou ainda entre países.

Com o decreto do governo brasileiro, as empresas nacionais ganham um pouco mais de clareza para investir, mas ainda é preciso alcançar a plena confiança. “É muito positivo o avanço obtido, inclusive por buscar mecanismos de integração com o mercado regulado internacional. Mas ainda há pontos a serem esclarecidos para que as empresas que desejam investir tenham a necessária segurança jurídica – e que grandes investimentos não venham a obter compensação insatisfatória de créditos de carbono, o que poderá ser superado à medida que se tenha um mercado específico com cotação bem definida”, pondera Vidigal.

Agora, resta esperar um novo documento governamental que esclareça os setores aptos a realizar compensações; e tirar dúvidas básicas, como “o que gera crédito de carbono”, “quanto cada projeto pode gerar” e “como precificar”, e de modo que se possa ter um diagnóstico seguro deste mercado, com análise e projeções definidas em um ambiente mais claro e confiante.

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